quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Guerra Civil no Rio de Janeiro.

Após os últimos incidentes ocorridos no Rio de Janeiro, com a guerra entre quadrilhas e a queda de um helicoptero com a morte de três policiais militares, a sociedade se volta para discutir a situação da violência do Rio. Além de 190 milhões de técnicos de futebol, temos agora o mesmo número de entendidos de segurança. Todos apontam um problema, uma falha, uma coisa que precisa ser corrigida...

Bom, pra ser o diferente, estarei falando em alguns posts que o problema não é simples e no Brasil esstá TUDO errado!!!

Aguardem... em breve uma visão bem abrangente do problema que ocorre no Rio de Janeiro com suas causas jurídicas, políticas, sociais e economicas.

Espero sobreviver ao primeiro post!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mais novo praticante de IPSC... com 6 anos.

O mais novo praticante de IPSC, também chamado de tiro prático, tem 6 anos de idade e é o pequeno do vídeo abaixo.

Como eu costumo dizer, armas não são perigosas, pessoas são perigosas!

Se você tem uma arma em casa e tem filhos, por que não levá-los a um clube de tiro para que aprendam a manuseá-la corretamente? Esconder um objeto que causa fascínio de qualquer adolescente é um ato que pode custar caro, pois a curiosidade só atiça a vontade de manusear as armas. O trato pode ser o seguinte: "Se você mexer na arma escondido, sem a minha presença, nunca mais te levo para atirar"! Tenha certeza que essa ameaça fará com que sua família esteja mais segura.





Gostou ou é muito avançado para seus conceitos?

Ser Policial II

Posso ser um sonho, morrer por você, te ajudar ou te proteger. Sou incompreendido pela sociedade, sou odiado por querer o que é certo... estou no time de Jesus Cristo, Sócrates, Platão e Aristóteles. Sou idealista e morreria por um ideal. Sou um apaixonado pela vida, pela natureza e pelo ser humano... ainda acredito no ser humano.
Acredito que o homem não faça o que é certo, pois ele ainda não conheceu a verdade. Procuro incomodar com a verdade... tentar fazer o homem notá-la.
Na hora do desespero as pessoas chamam por Deus e por mim, mas na maioria das vezes nos viram as costas e nos renegam.
Sou uma pessoa comum, que tem sentimentos, que chora (ainda que escondido), que tem que mostrar força, pois a população ainda acredita em mim... Na hora do caos eu tenho que manter a cabeça fria e tentar solucionar o problema.
Os juízes acham que eu tenho que atirar depois que atirem contra mim, só que posso não ter essa chance.
A sociedade enfurecida e revoltada pede para que façamos justiça com nossas mãos... mas quando fazemos, a sociedade é a primeira a nos condenar.
As pessoas viram a cara e nos acham a escória do serviço público, por causa do resquício da ditadura... não entendem que eu sei diferenciar um bandido de um cidadão e quero que meus colegas saibam fazê-lo também, pois não quero que meus pais e meus amigos sejam confundidos.
Por tudo que falei, dá pra ver que sou incompreendido.
Alguns colegas ganham uma miséria e ainda são desrespeitados. Honestos, procuram honrar a farda que vestem e viver com seus salários. São heróis...
Somos hérois de uniforme... preto, azul, marrom, caqui... todos somos heróis.
Pra alguns, que tentam se valer da fragilidade da sociedade... eu sou o capeta! Alguns tremem ao me ver chegando... e essa sensação é ótima, não tem dinheiro que pague, ver a caça fugindo desesperada do seu predador natural. Sou como um leão, olhos fixos na presa, andando bem devagar... coturnos silenciosos, equipamentos ajustados, respiração controlada até a hora do bote. Ver o "terror da população" "gelar" na sua frente não tem preço!!! Como os olhos da serpente, os meus hipnotizam e fazem a presa congelar, aguardando seus momentos finais...

Eu sou policial, com muito orgulho.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Serviço Público x Eficiência

Muitos me questionam sobre a eficiência do serviço público e, logicamente da polícia, no Brasil. Todos os leitores desse blog, todos os três... ou quatro... tem essa dúvida.

A eficiência é um princípio elencado na constituição para o serviço público, porém muitos perguntam se é piada, pois a engrenagem parece ser feita para não rodar. Presos à burocracias questionáveis, incompetência inquestionável em diversos setores, o serviço público parece ser feito para não dar certo.

Será que administrar a máquina pública é algo tão difícil assim? Primeiro devemos ter a noção de que a legalidade impera na administração pública. Os administradores só podem agir segundo determinação legal, estão obrigatoriamente sujeitos à seguir o que a lei determina. Não se trata de cometer nenhum ato contrário à lei, mas da impossibilidade de cometer algum ato que a lei não determine que ele cometa. Tal exigência se chama legalidade estrita.

Se você precisa consertar um computador, irá procurar alguém que entenda de computador. Se quer administrar uma escola, provavelmente contrataríamos pessoas com formação em administração ou pedagogia. Na administração pública encontramos pessoas totalmente ineficientes (semianalfabetas) ocupando cargos de confiança, que, na iniciativa privada, só seriam ocupados por pessoas altamente capacitadas.

Onde está o problema? Politicagem... Enquanto o poder executivo estiver com a partilha de cargos para poder governar, o Brasil continuará preso à ineficiência do serviço público, pois na maioria das vezes o mais capacitado é o que é menos puxa-saco e o mais incompentente é um baba-ovo repugnante.

Como dizem os agraciados: "Quem não puxa saco, puxa carroça"!

Prefiro ir ficando com a minha carroça...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mais sobre corrupção...

Esse vídeo é ótimo e vale apena assistir.



Reflita!

Visão da corrupção!

Muita gente acha que a corrupção só acontece nas instâncias superiores da administração pública. Será que você realmente não tem nada a ver com isso?

Pense...




A mudança do Brasil, começa com a mudança dos brasileiros...

sábado, 8 de agosto de 2009

Ser policial...

Homem não chora nem por dor... nem por amor....

Ser policial é um sacerdócio profano, irreconhecido e marginalizado. Quando é honesto em um mundo consumista não faz nada mais do que sua obrigação. Tem que demonstrar força, mas tem horas que o gigante desaba. Até o mais operacional destemido tem seus momentos onde são tocados por alguma situação.

Não fazem o que fazem somente pelo dinheiro, pois não há dinheiro que pague o risco de vida. Muitos destemidos vão além do que são pagos pra ir e sofrem as consequências disso. Não há fortes quando se trata de ocorrência com crianças. Por mais frio que se possa ser, as ocorrências com crianças nos desmontam internamente fazendo nos questionar os designios de Deus.

Certa vez houve o chamado da central para um acidente. Colisão frontal é um pesadelo para qualquer um que tenha que ir ao local do acidente. Como policiais, somos chamados para todo e qualquer tipo de ocorrência. Temos noções de primeiros socorros e melhor do que as pessoas leigas, podemos dar uma primeira assistência até o encaminhamento das vítimas.

Chegando ao local, pude sentir o cheiro de sangue no asfalto, que é inconfundível. Um cheiro doce se espalhava há mais de 100 metros do local do acidente. Rapidamente me dirigi ao local da aglomeração para ver a situação das vítimas. Eram muitas! Dois carros se chocaram de frente, um taxi com 5 pessoas e um chevette com 7 ou 8 pessoas. No chevette, vítimas em choque psicológico davam trabalho para serem retiradas das ferragens. O motorista estava preso e era necessário tirar as outras vítimas primeiro, para que pudesse desmontar bancos, na esperança de soltá-lo.

Entrei pela porta do carona e fui tirando as vítimas no banco de trás, que estavam em choque psicológico e não entendiam ou reagiam ao que falava. Tirei uma por uma até me deparar com a pequena vítima de 8 anos. Quando me deparei com essa criança, minha primeira reação foi lembrar de todas as crianças que eu conhecia nessa idade. O impacto é grande, mas a vítima em minha frente dependia de mim e eu não podia entrar em choque também... não podia ser acometido pelo vírus do "colactus plactus*".

Com aquela cena, pensei em fazer tudo para preservar a vida daquele pequeno, que era, depois do motorista, a vítima mais grave daquele veículo. Retirei seus tenis que eram um pouco grandes para seus pés e coloquei embaixo do veículo, pensando em devolvê-los em uma visita assim que o pequeno tivesse alta do hospital. Suas pequenas pernas estavam fraturadas em vários locais e não havia como imobilizar ali naquelas condições. Solicitei que a viatura se posicionasse de modo em que quando retirasse a criança do veículo, a mesma fosse colocada no banco de trás para ser enviada imediatamente para o hospital, visto que nenhuma ambulância ainda havia chegado. A criança estava desmaiada com sangue saindo pelos ouvidos, o que pode indicar traumatismo craniano com sinais de choque... onde deveria ser imadiatamente removida. Com todo o cuidado retirei a criança do banco de trás, a colocando no banco de trás da viatura. Depois disso ainda fui soltar o motorista das ferragens... mas essa já é outra história.

O tempo foi passando automaticamente naquela tarde. Nem me lembro se almocei naquele dia... As outras vítimas menos graves foram sendo encaminhadas nas ambulâncias que passavam, no carro de particulares... e fui sobrando, suado, cansado, ensanguentado... com a sensação de dever cumprido.

Meu dever ainda não estava cumprido. Olhei para baixo do carro e vi os enormes tenis do menino que havia retirado e encaminhado para o hospital. Aqueles tenis com luzes piscantes ainda deveriam correr muito em suas brincadeiras... Com a sensação de que havia sido um herói naquele dia, fui ao hospital no dia seguinte ao fim do meu plantão para visitar aquele pequeno que me lembrava muitas crianças alegres e brincalhonas dos lugares onde morei. Chegando lá econtrei alguns familiares e procurei saber a situação do menino, onde estava, se era possível alguma visita.

Sem esquecer os tenis levados em uma das mãos, procurava informações junto aos familiares quando um dos parentes me falou que o pequeno havia sobrevivido. Em minha mente, imaginei a cena do policial herói ao lado da cama do menino, dizendo que havia guardado algo para ele, algo que provavelmente havia trazido muita alegria no momento da compra. Minha imaginação não durou muito, pois fui informado duramente que o menino havia perdido as pernas devido às multiplas fraturas.

Realmente nessa hora todas as crianças que brincavam em minha mente pararam e olharam pra mim... toda sensação de heroísmo descia pelo ralo e dava lugar a uma tristeza sem tamanho. Nada mais impróprio do que aqueles enormes tenis piscantes em minhas mãos. Era como se eu estivesse sendo o autor de uma piada de humor negro.

Fui beber água para colocar as idéias no lugar e coloquei os tênis, um ao lado do outro, perto de uma janela... nem sem se bebi água. A tristeza só queria me levar para baixo do chuveiro e para baixo dos lençois. Não olhei para trás... o herói teve que sair o mais rápido daquele hospital com uma sensação jamais sentida antes. Tristeza, angústia...

Até hoje, quando me lembro do ocorrido, sinto um nó na garganta por tudo o que aconteceu. Nem sempre as coisas ocorrem como queríamos e as vezes elas ocorrem em direção diametralmente opostas ao que imaginamos.

* "Colactus plactus" - expressão usada para dizer que o policial "colou as placas", ou seja, ficou sem reação diante de um acontecimento.